Os cogumelos são um excelente alimento. Contêm um baixo valor calórico e uma baixa quantidade de gordura e, pelo contrário, contêm um valor proteico considerável para uma fonte não animal. Além disso, contêm fibra e quantidades apreciáveis de vitaminas, minerais e substâncias com caraterísticas antioxidantes.
Figura: Amanita caesarea
Os cogumelos são frutificações de fungos, que são microrganismos fundamentais no ecossistema devido ao seu papel importantíssimo no ciclo de nutrientes e de água. Os esporos dos fungos, ao germinarem dão origem às hifas – conjunto de filamentos que constituem o micélio – e no qual diferenciam-se os primórdios que, ao desenvolverem-se, originam os cogumelos.
O micélio é a estrutura pela qual é realizada a captação de nutrientes, cujo modo como os obtêm determina o tipo de fungo:
- Sapróbios – Captam os nutrientes a partir da matéria orgânica em decomposição;
- Simbióticos – Estes podem ser mutualistas ou antagonistas. Os mutualistas vivem em associação com organismos de outras espécies (micorrizas). Os antagonistas parasitam os organismos de outras espécies, aproveitando-se destes para obter nutrientes.
Exemplos de cogumelos silvestres sapróbios:
Figura: Auricularia auricula-judae
Figura: Flammulina velutipes
Exemplos de cogumelos silvestres simbióticos mutualistas:
Figura: Amanita rubescens
Figura: Cantharellus cibarius
Exemplos de cogumelos silvestres simbióticos antagonistas (parasitas):
Figura: Sparassis crispa
Figura: Amillaria mellea
No mundo agrícola e florestal, os fungos com capacidade de estabelecer relações micorrízicas têm uma grande importância.
A micorriza é uma relação simbiótica entre o fungo e a raiz de uma planta. Os fungos que colonizam as raízes e estabelecem esta relação promovem uma extensão da raiz no solo, aumentando a superfície de absorção. Devido ao aumento da superfície de contacto, o processo de absorção de água e nutrientes torna-se mais eficaz. Além disso, os fungos libertam enzimas no solo que degradam os nutrientes mais difíceis de absorver, tornando-os disponíveis.
Claro que, tal como o nome indica – simbiose – o fungo tem a ganhar com esta relação. Em troca, a planta fornece hidratos de carbono para o seu desenvolvimento.
Já sabemos o que os fungos com capacidade de estabelecer uma relação micorrízica promovem. Mas quais as suas vantagens, incluindo as que são desencadeadas pelo aumento da eficácia de absorção de água e nutrientes?
- Aumento da produtividade;
- Aumento do crescimento;
- Diminuição do impacto das caraterísticas negativas do meio envolvente: seca, salinidade, deficiência de nutrientes, presença de metais pesados, pH desajustado, etc.;
- Controlo de patogénicos devido à produção de substâncias ou à indução na planta para a produção de componentes que aumentam a resistência da mesma a agentes patogénicos;
- Redução da capacidade de absorção e transporte de metais pesados devido à imobilização dos mesmos nas paredes celulares, aumentando a resistência do hospedeiro.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Positive_effects_of_arbuscular_mycorrhizal_%28AM%29_colonization.png
Relativamente ao solo, promove uma maior diversidade e estabilidade da microfauna do solo e melhora a estrutura do mesmo.
Além de saborosos e nutritivos, com inúmeros benefícios para a saúde, os cogumelos têm vantagens agronómicas. É por isto que se torna interessante associar a produção de outras espécies com a de cogumelos simbióticos mutualistas. Consequentemente já são comercializadas algumas espécies de plantas inoculadas artificialmente com fungos micorrízicos, como por exemplo os medronheiros.
O fungo é estabelecido e multiplicado em laboratório e, no mesmo local ou no viveiro, as plantas são inoculadas. É importante que seja confirmada, em viveiro, a estabilidade da associação planta-fungo e, posteriormente, no campo.
Esta associação além de promover uma melhor adaptação às condições locais (por exemplo, solos pouco ricos), simultaneamente leva à obtenção de um rendimento adicional, cogumelos comestíveis.
Dê-nos a sua opinião sobre este fungo nos comentários!
Autora do artigo:
Vanessa Fernandes (Técnica e Investigadora Agrónoma)