O ABACATEIRO (Persea americana Mill.) é uma cultura que tem ganho cada vez mais área no território português, principalmente na região sul do país, no Algarve. Esta fruta tropical é nativa da América Central, e acredita-se que a sua origem remonte há cerca de 12 000 anos atrás no México.
A valorização desta fruta nos últimos anos tem sido enorme pelo reconhecimento do seu valor nutricional e pela aplicabilidade em diferentes indústrias, desde cosmética à farmacêutica. Por estes motivos, o aumento da produção e consumo de abacate nos últimos anos disparou.
Figura: Abacateiro em produção
Atualmente, o maior produtor de abacates é o México, detendo aproximadamente um terço da produção mundial (FAO, 2019). Com efeito, a produção de abacates tem um enorme impacto na economia deste país, tendo-lhe valido o título de “ouro verde”. Contudo, a intensificação desmedida da produção que tem levado à destruição de florestas, o impacto no ambiente resultante desta intensificação descontrolada e a criação de quartéis violentos que traficam esta fruta têm justificado a substituição daquele título por “diamante de sangue”. De forma a contrariar esta tendência cada vez se verifica um boicote mundial à comercialização de abacate com produção de origem mexicana, abrindo espaço para o cultivo desta planta em outros países.
Em Portugal a área de produção de abacates aumentou cerca de 10 vezes durante o período que compreende de 2000 a 2019, registando-se um aumento de 171 ha para cerca de 1 815 ha (Expresso, 2021).
Figura: Plantação de abacateiros em formação
Do abacateiro distinguem-se três subespécies consideradas principais com origem distintas entre mexicana, guatemalteca e antilhana. Destas subespécies, de forma direta ou através de cruzamentos, são originárias as principais variedades que vemos nas prateleiras de supermercado. A produção portuguesa de abacate assenta essencialmente em quatro variedades, a Hass, Bacon, Fuerte e Reed.
A esmagadora maioria da produção assenta na variedade Hass pela sua maior valorização por parte do consumidor e pelo maior tempo de prateleira.
Uma curiosidade relativa à floração do abacateiro é que se distingue da generalidade das fruteiras pela sua peculiaridade. As flores do abacateiro apesar de hermafroditas, isto é, apresentarem na mesma flor os órgãos femininos e masculinos, a sua dinâmica acontece de forma diferente pois a flor ativa desfasadamente no tempo o órgão feminino e masculino. Isto é, ora abre como uma flor feminina, ora fecha e reabre como masculina. Este comportamento é sincronizado, fazendo com que todas as flores estejam abertas como femininas ou masculinas ao mesmo tempo, dificultando a polinização. Contudo, as diferentes variedades apresentam comportamentos florais diferentes, resultando em aberturas dessincronizadas que permitem a polinização. Este tipo de floração é denominado de floração dicogâmica.
Figura: Inflorescência de flores
Gostarias de saber mais sobre esta cultura? Então inscreve-te na próxima edição do do curso técnico sobre a Cultura do Abacate, que decorre em e-Learning e com aulas em videoconferência com o Prof. Doutor Amílcar Duarte, com início já no próximo dia 24 de maio. As vagas são limitadas!
Autora do artigo:
Susana Moreira (Técnica e Investigadora Agrónoma)
Referências:
Expresso (2021, janeiro). Produção de abacate triplicou no Algarve em dois anos. Disponível em https://www.ccdr-alg.pt/repos/ccdr/web/sites/default/files/recortes/20210201_Expresso_culturaabacate.pdf
FAO (2019). Major Tropical Fruits – Market Review. Disponível em http://www.fao.org/3/ca5692en/ca5692en.pdf