A Estratégia "Do Prado ao Prato" na União Europeia: Uma Visão para um Sistema Alimentar Sustentável | AgroB

A Estratégia “Do Prado ao Prato” na União Europeia: Uma Visão para um Sistema Alimentar Sustentável

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A Estratégia da Comissão Europeia “Do Prado ao Prato” (“Farm to ForkOur food, our health, our planet, our future”), lançada em 2020, surge como uma iniciativa central no contexto do Pacto Ecológico Europeu, procurando transformar o sistema alimentar da União Europeia (UE) num modelo de sustentabilidade.

Esta estratégia é especialmente relevante em tempos de crise, como a energética e climática, além da guerra, já que promove uma agricultura mais ecológica e eficiente, menos dependente de insumos externos e sem comprometer a produtividade. 

Esta estratégia visa criar um sistema alimentar que não só seja neutro ou positivo em termos de impacto ambiental, mas que também contribua para mitigar as alterações climáticas e reverter a perda de biodiversidade. Surge como uma resposta clara aos desafios contemporâneos, destacando a necessidade de um sistema alimentar que trabalhe em harmonia com a natureza, assegurando ao mesmo tempo a saúde pública, a segurança alimentar e a viabilidade económica dos setores agrícola e alimentar. 

A crise instalada pela COVID-19 evidenciou a vulnerabilidade dos sistemas atuais e a necessidade urgente de equilibrar a atividade humana com a preservação ambiental. A União Europeia, através desta estratégia, posiciona-se na vanguarda da transição para um futuro mais sustentável, promovendo a competitividade e a resiliência dos seus sistemas alimentares, enquanto responde às aspirações dos cidadãos europeus por uma alimentação mais saudável. 

A Estratégia “Do Prado ao Prato” estabelece metas ambiciosas a atingir até 2030:

  • Redução de 50% no uso e risco de produtos fitofarmacêuticos (PF);
  • Redução de 50% no uso de PF mais perigosos;
  • Redução de perdas de nutrientes em, pelo menos, 50%, garantindo simultaneamente que não há deterioração da fertilidade dos solos, o que reduzirá a utilização de fertilizantes em, pelo menos, 20%;
  • Redução de 50% das vendas na EU de antimicrobianos para animais de criação e na aquicultura;
  • Aumento de 25%, no mínimo, de área cultivada segundo o Modo de Produção Biológico (MPB) e um aumento significativo da Aquicultura Biológica;
  • Todas as zonas rurais devem ter acesso a banda larga rápida até 2025, a fim de permitir a inovação digital. 

 

Os 5 objetivos específicos da estratégia

 

Garantir Alimentos Saudáveis, Acessíveis e Sustentáveis:

A saúde dos solos agrícolas, rica em biodiversidade e matéria orgânica, é fundamental para a produção de alimentos saudáveis. Práticas agrícolas que aumentem a fertilidade do solo e reduzam a utilização de pesticidas e fertilizantes químicos são cruciais. Em Portugal, a Lei nº 26/2013 já prevê a proteção integrada das culturas, embora ainda precise de uma aplicação mais ampla.  

Combate às Alterações Climáticas:

A agricultura desempenha um papel vital na mitigação das alterações climáticas, não só reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, como também aumentando o sequestro de carbono através de práticas como o cultivo de culturas de cobertura (“cover crops”). A utilização de adubos químicos, particularmente os azotados, deve ser reduzida, favorecendo alternativas como a adubação verde e o uso de leguminosas que fixam azoto naturalmente.

Proteção do Ambiente e Preservação da Biodiversidade:

A proteção do solo, evitando a erosão e a contaminação por químicos, é essencial para preservar a biodiversidade. Em Portugal, a contaminação das águas subterrâneas por nitratos em áreas agrícolas intensivas é um problema que precisa de ser abordado com urgência. A redução do uso de pesticidas e a promoção de práticas agrícolas que protejam os insetos polinizadores e outros organismos benéficos são também objetivos prioritários.

Garantir um Retorno Económico Justo na Cadeia Alimentar:

É necessário encurtar a distância entre o produtor e o consumidor, promovendo circuitos de comercialização curtos e justos. A valorização de modos de produção de alta qualidade, como a Agricultura Biológica e as Denominações de Origem Protegidas (DOP), também é vital para melhorar o retorno económico para os agricultores. 

Aumentar o Modo de Produção Biológico:

A meta de aumentar a área de Agricultura Biológica na UE para 25% até 2030 é uma parte central da estratégia. A Agricultura Biológica tem demonstrado ser capaz de produzir de forma eficaz sem recorrer a insumos químicos de síntese, com uma redução mínima na produtividade, que é compensada por lucros mais elevados para o produtor e pela sustentabilidade a longo prazo. 

 

Fonte: