QUANDO PENSAMOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA, VISUALIZAMOS UMA EQUAÇÃO DE “ÁGUA + SOLO + LUZ = PLANTA”, sendo o solo o meio natural onde as plantas se desenvolvem, tendo como papel de suporte e elo de ligação entre a planta e as matérias primas necessárias, nomeadamente a água, oxigénio e nutrientes.
A história da hidroponia surge em 1699 em Inglaterra, com Woodward a produzir plantas com quantidades reduzidas de terra. No entanto, foram necessários quase 200 anos para que em 1860 o químico e botânico alemão Sachs prescindisse completamente da terra para o cultivo de plantas, ao qual chamou nutricultura.
Figura: Ferdinand Gustav Julius von Sachs (1832 – 1897)
A evolução da nutricultura levou à hidroponia que conhecemos atualmente: um modo de produção agrícola independente de solo em que os nutrientes necessários ao desenvolvimento da cultura são fornecidos através de soluções nutritivas de forma exata e constante.
Surgem então as várias ramificações deste sistema que podem ser divididas de duas formas: cultivos em substrato e cultivos em água. A diferença? Encontra-se no meio que envolve a raiz – se esta se encontrar nalgum tipo de substrato inerte ou depender exclusivamente de água.
Figuras: Principais sistemas hidropónicos em água: NFT (Nutricion film technique); NGS (New growing system); Floating
Apesar de ser uma prática possível de adaptar a vários tipos de cultivos, a hidroponia em Portugal ainda é um método pouco conhecido, sendo a sua maior expressão nos países do Sul da América.
Tal como todas as formas de produção agrícola, a hidroponia tem as suas desvantagens – o facto de exigir mais material torna-a um sistema caro à instalação e o seu funcionamento tem riscos acrescidos para agricultores inexperientes. Como não existe solo que resulte como tampão, qualquer erro na solução nutritiva ou falha de equipamento tem impactos diretos nas plantas que podem comprometer a produção.
Então, qual será a vantagem da hidroponia?
O aumento sistemático da população mundial obriga a um aumento de produção de alimentos que por sua vez exigem recursos, nomeadamente espaço. Em hidroponia, é possível mitigar esta questão devido à capacidade que a mesma tem de produzir em patamares e, como não exige solo, pode ser uma forma de produção urbana em locais com pouco espaço.
A utilização de circuitos semifechados nestes sistemas permite igualmente a reutilização da água, permitindo aos produtores poupar até 90% consoante a cultura e o tipo de sistema utilizado.
Figuras: Produção hidropónica em patamares e vertical
Agricultura do futuro?
Com o avanço do conhecimento das necessidades das plantas, a hidroponia estará seguramente em cima da mesa como uma das formas de cultivo mais futuristas. O conhecimento das necessidades hídricas, nutricionais e de luz das plantas permite que sejam desenvolvidos projetos em todo o mundo cujo intuito é criar pequenas câmaras de produção – Plant factorys – de hortícolas completamente isoladas, sem qualquer recurso a tratamentos fitossanitários.
Figuras: Projeto Farminova
Autora do artigo:
Filipa Ferreira (Técnica e Investigadora Agrónoma)