ORIGINAL DO ORIENTE, A LARANJA ENCONTROU EM PORTUGAL um pedaço de paraíso para a sua propagação e desenvolvimento frutífero que se mantém até aos dias de hoje em todo o país. Neste artigo apresentamos algumas das regiões do nosso território produtoras de laranjas com qualidades únicas!
Laranja do Algarve
A mais conhecida é a laranja do Algarve, incluída na IGP – Citrinos do Algarve, onde se concentra maioria da produção portuguesa para consumo do mercado nacional e externo, cerca de 80% da produção de laranja do país.
A laranja do Algarve é caraterística pela casca fina, elevado teor de sumo especialmente doce, muito colorida e brilhante. Estas caraterísticas surgem graças ao clima soalheiro e quente típico do Algarve, com invernos muito amenos e solos calcários.
No entanto, apesar de ser a mais conhecida, o Algarve não é a única região portuguesa a deliciar os consumidores com este produto…
Figura: Graças ao clima da região, as laranjeiras no Algarve conseguem ter dois picos de produção: dezembro/janeiro e junho/julho
Laranja do Douro
Assim que subimos para a zona norte do país onde predominam maiores altitudes, ventos mais frios e verões mais amenos, encontramos igualmente a laranja num ambiente completamente diferente.
A laranja no Douro, apesar de não manter um selo IGP, é conhecida como um produto tradicionalmente português. Tem a particularidade de ser muito doce, sucosa e caraterística da região, pertencendo-lhe, de forma estimada, desde os séculos XIII e XVI, a laranja do Douro exige solos profundos, soltos e irrigados sendo cultivada em vales e sopés de montanhas devido à sua sensibilidade às geadas.
A colheita não é um fator de preocupação para os produtores deste produto graças ao facto de o fruto se aguentar bem na árvore durante um longo período de tempo em sobrematuração.
Figura: As laranjas da Pala, em Baião, são as principais estrelas das laranjas do Douro: estes frutos permanecem na árvore até ao seu consumo (fonte: Citrinos da Pala – https://www.visitbaiao.pt/pt/2017/04/08/citrinos-da-pala/)
Laranja de Ermelo
A meio do percurso em direção a Braga, é possível dar caras com Ermelo, uma zona incomum para a produção de laranja, mas que contém em si um microclima que, juntamente com os solos férteis, permitem o desenvolvimento de um produto precoce de casca fina e lisa.
A produção das laranjas de Ermelo não contam com tratamentos fitossanitários correntes nem com grandes adubações, à exceção de uma pulverização de calda bordalesa e de estrume de vaca, aplicado por cobertura no inverno. Tem, porém, uma peculiaridade na rega: a mesma é realizada por alagamento quatro vezes durante o verão.
Relativamente à colheita, a mesma é realizada a partir de fevereiro, sendo abril e maio os melhores meses para o efeito. A escolha dos frutos é realizada não pela cor, mas sim pelo peso em relação ao tamanho.
Figura: O desenvolvimento da laranja na zona de Ermelo dá-se graças aos antigos monges do Mosteiro de Ermelo (representado na figura); atualmente, a maioria das laranjeiras plantadas encontra-se no chamado “Couto Conventual”, as terras tratadas pelos monges.
Laranja de Amares
Chegamos por fim à capital minhota da laranja: Amares.
Amares tomou a laranja como fruto do município simbolizando-a no seu brasão do concelho e nas diversas tradições da região. Esta laranja sumarenta e doce é o destaque principal dos concursos realizados durante a Feira Franca onde os produtores competem entre si para ver quem é que tem a melhor laranja, sendo avaliados os seguintes parâmetros:
- Estado sanitário da casca;
- Espessura da casca;
- Quantidade de sumo e açúcar.
Graças à capacidade de a planta se manter na árvore na sobrematuração, esta pode ser colhida entre maio e agosto, podendo eventualmente ser vendida na árvore de forma a que o comprador possa colher a laranja à medida que vai precisando, numa forma total ou parcial.
Figura: O microclima de Amares, associado à fertilidade dos solos, permite o cultivo de várias culturas, nomeadamente cereais, vinho e, claro, a laranja, fazendo esta parte do seu brasão.
A laranja é um dos citrinos mais exigentes nas condições edafoclimáticas, no entanto, através deste artigo, é possível compreender que, quando bem gerida, esta poderá ser produtiva em várias zonas do país.
Autora do artigo:
Filipa Ferreira (Técnica e Investigadora Agrónoma)